Comentário do Mercado

SOJA – Os preços da soja votam ao campo positivo nesta manhã de quinta-feira – ganhos de 9 cents, a U$ 15,29/março – depois de perdas de 17 cents na sessão anterior, quando predominaram vendas por parte de fundos e investidores.
– O mercado segue observando a evolução da safra argentina, amplamente afetada por irregularidades climáticas, bem como a demanda chinesa, depois do retorno do feriado de Ano Novo Lunar. Neste ponto, o USDA, logo mais, vai divulgar o volume de exportações da última semana – que pode indicar certa aceleração das compras por parte da China.
– Em relação à Argentina, o adido do USDA no país avalia que a produção de soja vem sofrendo drásticas perdas e pode cair ao nível de 36,0MT, ante 45,5MT previstos pelo USDA no último relatório de oferta e demanda. O mercado considera exageradamente fora da realidade esta projeção.
– Ao mesmo tempo, a consultoria Safras & Mercado estima a colheita da Argentina em 42,1MT, um corte de 3,4MT em relação ao mês passado. Na safra anterior, também marcada por estiagem, a colheita alcançou 43,0MT. A área semeada é praticamente a mesma da última campanha, com 16,0MH. Em relação à qualidade, 54% das lavouras são consideradas regulares e ruins – avalia a consultoria.
– As exportações brasileiras de soja fecharam janeiro com 0,85MT – informa a SECEX. Com isto, o último ano comercial, iniciado em primeiro de fevereiro/22 e finalizado em 31 de janeiro/23, resultou em embarques totais de 78,12MT, ante 88,5MT da temporada anterior.
– No mercado doméstico, notadamente na origem, as variáveis internas estão pesando de forma decisiva na transferência do preço internacional para o preço em Reais. Neste ponto entram três fatores: câmbio, relativamente pressionado; prêmios, que vieram caindo de forma acentuada, mesmo no período de entressafra, e aumento significativo dos custos de transporte.
– Com esta tripla força negativa (que parece estar se esgotando), os preços internos cederam entre 5% e 8% desde o início do ano, mesmo com boa sustentação dos preços em Chicago. Produtores se mantêm recuados; são observados apenas negócios pontuais. Atraso na colheita na maioria das regiões (por excesso de umidade) e falta de chuvas em extensas áreas do Rio Grande do Sul, acabam por deixar o mercado ainda mais vazio.
– Indicações de compra na faixa entre R$ 161,00/163,00 no oeste do estado; entre R$ 172/173,00 em Paranaguá – dependendo do prazo de pagamento e, no interior, também do local de embarque. Prêmios no spot são indicados na faixa entre 40/55.

MILHO – Os preços do milho, em Chicago, operam com ligeira alta, neste momento, manhã de quinta-feira, a U$ 6,82/março. Ontem, também registram leves ganhos. A BMF trabalha em R$ 89,30/março (-0,45%) e R$ 87,00/ julho (+0,0%).
– De acordo com a agência CMA Latam, a produção argentina de milho deve cair para 47,2MT, um corte de cerca de 3,0MT na comparação com o levantamento de dezembro. A área está avaliada em 12% menor em relação à temporada anterior, quando foram colhidas 50,01MT. O plantio, ainda atrasado, entra na reta final, depois das últimas chuvas. No final de janeiro, 95% das áreas estavam semeadas.
– De acordo com a SECEX, as exportações de milho brasileiro em janeiro foram de 6,34MT, totalizando 48,03MT na temporada, iniciada em fevereiro/22 e encerrada em janeiro/23, contra 20,82MT do ciclo anterior. Este volume registra um novo e alargado recorde histórico, se aproximando muito dos volumes exportados pelos EUA, que é o principal fornecedor mundial do grão. O USDA, em seu relatório mensal de oferta e demanda de janeiro, projetou em 48,9MT as exportações de milho norte-americano na temporada 2022/23.
– Mercado doméstico permanece lento, com preços pressionados também pela queda da taxa cambial. Além disto, mesmo com perda de produção, o avanço da colheita no RS e SC contribui para o afrouxamento das indicações de compra.
– O período de entressafra, no entanto, a partir de março/abril, indica a possibilidade de escassez de oferta. O forte ritmo das exportações, que fechou o ano comercial com 48,0MT, e a quebra da safra de verão, tendem a promover escassez mais à frente.
– Indicações de compra na faixa entre R$ 82,00/84,00 no oeste do estado; em Paranaguá, entre R$ 88,00/90,00 – dependendo de prazos de pagamento e, no interior, também da localização do lote.

CÂMBIO – Dólar opera em queda (entrando na casa do U$ 4), a R$ 4,99, neste momento. Segue pesando as políticas governamentais e também a manutenção das taxas de juros no Brasil em 13,75% e pequena elevação nos EUA, de 0,25pp, para 4,5%/4,75% ao ano. Ontem, fechou em R$ 5,061.

(Granoeste Corretora – Camilo / Stephan – Relatório publicado às 10:15).